segunda-feira, 25 de julho de 2016

36.

Fiz 36 anos e nem acredito. Nunca têm aquela sensação de "como/quando é que isto aconteceu"? Eu tenho, muito esporadicamente mas tenho. Normalmente é quando faço anos ou quando estou tão cansada que só me apetecia ser pequenina para não ser eu a mãe. Também tenho dias desses por aqui. E é dessa premissa que começam estes meus 36 anos.

Não sei como é que isto aconteceu, como cheguei aqui tão depressa, como vivi tanta emoção forte, avassaladora e aterrorizante, como aprendi e cresci com os outros - de dentro para fora e de fora para dentro tantas vezes, como se deu o milagre da vida dentro de mim para que dois seres tão distintos e tão lindos me chamem de mãe, como cheguei aqui e para onde vou em seguida. Sinto que este vai ser mais um ano de mudanças que se atropelam no caminho para ver quem chega primeiro. E, se há momentos em que isso me faz parar, não há nada como a realidade destes 36 anos para me trazer de volta. Uma realidade cheia de coisas que funcionam de bóia em mar tumultuoso. Ele, elas, eu.

Tenho tendência a olhar para o que me rodeia mais intensamente quando chega este dia. Como se estivesse parada a ver o filme de fora. É um exercício de esforço num mundo de tantos estímulos e distracções. Um que faço por mim, como uma prenda que me dou.
Clichés à parte (ou não), perceber que sou feliz é perceber que mudava muito pouco nesta vida que é a minha agora. É aceitar que as minhas escolhas estão longe de ser as que imaginei que seriam há cinco anos atrás, mas que isso não tem nada de mal. É ver que a vida ainda não se escreveu e alinhou como pensei que faria por esta altura, mas isso não tem nada de mal. É acreditar que aquilo que vem é sempre vivido para me dar algo se eu assim o quiser e estiver disposta a receber. É perceber que aos 36 podemos estar a começar algo exactamente como fizemos aos 30, aos 25, aos 11 ou aos 6, mas isso também não tem nada de mal. É fazer um esforço, voluntário, para compreender que a vida anda sempre para a frente mesmo que o nosso coração, ocasionalmente, pare por uns segundos. É não esquecer que o mais importante já por cá anda e que as vozes dos outros são o coro mas o solo é meu, só meu.

O nosso pequeno mundo a 3+1 está mais rico em experiência, maior em amor e um pouco mais velho em idade.



quarta-feira, 20 de julho de 2016

Shorts/Calções - another Pattern Shop Muni pattern

Eu realmente adorei este livro e no mesmo dia que fiz o vestido de que já falei anteriormente aqui, fiz estes calções que adoro! São super fáceis de fazer, rápidos e têm a vantagem de parecer uma saia e ser uns calções porque a miúda por aqui agora está numa de só querer saias. E querer andar sempre de saias não combina com andar constantemente de rabo no chão, a construir castelos de areia, flores e paus.

I really loved this book and on the same day I made the dress I've talked about before here, I made these shorts that I love! They are super easy to make, quick and have the advantage of appearing to be a skirt because my sweet girl here now just wants skirts. And always wanting skirts doesn't go along with walking constantly on the ground, building sand castles filled with flowers and sticks.

Como disse, a construção é simples e ficam prontos num instante mas, como não levam elástico à frente só atrás, fica ali uma marca nas laterais que não me deixou muito convencida... para a próxima vou fazer uma pequena alteração na cintura, talvez também uniformizar o tamanho das duas partes  em altura - a peça da frente é ligeiramente mais pequena- para que o elástico não puxe tanto e assim não se note também tanto.
O tecido é uma malha azul com muito pouca elasticidade mas que funciona perfeitamente nestes calções. Estamos a precisar de básicos porque abunda por aqui a bonecada!


As I said, the construction is simple and they are a quick sew  but, as it has no elastic in the front just behind, there is a mark on the side that did not leave me very happy ... next time I will make a small change in the waist, perhaps also standardize the size of the two parts in height - the front part is slightly smaller- so the elastic does not pull so much and so it´s not so noticeable.
The fabric is a blue mesh with very little elasticity but that works perfectly in these shorts. We are in need of basic because prints abound here!;-)
  

Mas o laço aqui na frente é adorável.

Ahhh but that bow in the front is so lovely... <3

terça-feira, 5 de julho de 2016

Colares para as miúdas

As miúdas cá de casa ganharam colares novos. Super simples de fazer e com um efeito muito giro. Ambas ficaram fãs. A mais velha porque está a começar a gostar de fios, pulseiras e anéis (ao ponto de ocasionalmente parecer uma árvore de natal de tão enfeitada que está) e a mais nova porque quer imitar a mais velha.  
É um projecto bom para se fazer com as garotas pequenas nestes dias de verão que aí vêm. 

Materiais: 
1. Agulha de tapeçaria (sem bico para não picar, o objectivo não é coser mas ajudar a que o tecido passe pelo buraquinho da conta de madeira) 
2. Contas de madeira (estas vieram da Tiger) ou plástico.
3. Restinhos de tecido (estes são restos de malhas que têm a vantagem de esticar) 


Depois é juntar imaginação e vontade de criar.
Os nossos ficaram assim...



Pattern Shop Muni: Livro Japonês de moldes

(scroll down for english)
A semana passada recebi o livro a Pattern Shop Muni e adorei! Quero fazer quase tudo o que vem no livro, é fantástico! Este é um livro de moldes para usar a corte e cose (tudo malhas) e tem vários calções, tops, blusas, calças e vestidos. Além disso inclui também 5 moldes para adulto. Tantas possibilidades! ;-) 
Eu, assim que abri o livro soube o que ia fazer primeiro. Uns calções e uma blusa que estão logo nas primeiras páginas. Nunca fui muito de folhos e mais folhos mas adorei aquelas mangas de folho e uns calções com ar de saia também me conquistam num instante. Cada um com as suas fraquezas. 
Hoje, vou-vos mostrar a blusa que acabei por transformar em vestido de uma forma bem simples. Basicamente acrescentei dois rectângulos à parte de baixo, e cosi um elástico a unir a parte de cima à parte de baixo, também na corte e cose. 
Eu adoro livros de moldes japoneses, a construção é simples e bem explicada por norma (frequentemente só com os passos essenciais, embora este livro tenha alguns moldes mais detalhados) e eu aprendo sempre alguma coisa! 
Se não tiverem corte e cose podem sempre usar a máquina de costura normal, como explica a Diana neste artigo óptimo do Cose+. 

Last week I got the book Pattern Muni Shop and I loved it! I want to do almost everything that comes in this book, it's fantastic! This is a book of patterns for the serger (all knits) and has several shorts, tops, blouses, trousers and dresses. It also includes 5 patterns for adult. So many possibilities! ;-)
As soon as I opened the book I knew what I would do first. The shorts and a blouse that are in the first few pages. I never have never been much into frills and more frills but I loved those flutter sleeves and those shorts with skirt looking air. Each one with their weaknesses.
Today, I'll show you the shirt that I ended up turning into dress in a very simple way. Basically two rectangles added to the bottom, and an elastic sewed to join the top to the bottom, also using the serger. 
I have to tell you I love japanese sewing books because they bring simple and cute clothes and I always (yes, always) learn something! This one already has a special place in my heart!<3  

 























E esta miúda, também tem um espaço muito especial no meu coração. <3

Fabric from FDT. Tecido da FDT 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Camadas ou a influência da perfeição

As pessoas são como as cebolas, cheias de camadas. Onde é que já ouvi isto? A verdade é que são mesmo. É que somos mesmo. Dentro de um mesmo papel; mãe, tia, prima, filha, amiga ou empregada, somos feitas de partes que variam elas também consoante o momento. Eu não sou a mesma que era o ano passado e certamente não serei a mesma daqui a mais um ano. Mesmo que certas mudanças sejam imperceptíveis, certamente mais para quem só vê, ou quer ver, um lado, uma camada.  
Olho para as minhas filhas que mudam e que são seres maravilhosos cheios de camadas, que vou tentando conhecer aos poucos, e deslumbro-me com a luz que emanam. Com o amor que deitam à sua volta, com a generosidade que partilham, com a ternura que nos retribuem o quanto as amamos. Mas também vivo com as birras, com as dores, com as perguntas difíceis e inconvenientes, com os pedidos insistentes e exigências de atenção, com as noites que se dorme pouco, com o cansaço de acordar ainda não são 7 da manhã e ter que começar a ler histórias naquele momento, com os chichis feitos pelas pernas abaixo ou os gritos para mudar fraldas. E se esse lado não aparece em fotografias tão frequentemente, ou quase nunca, não é pela sua ausência, é simplesmente porque para não ficar doida eu escolho focar a lente no bom. Sim, sou eu que escolho onde concentrar a minha atenção, onde agarrar a luz e o que reviver. Porque é mesmo assim, há sempre luz e sombra. Amor e dor. Não conheço ninguém que nunca tenha chorado. 
Faz sentido? 
Neste mundo onde vemos tanta imagem bonita, tanta mulher (aparentemente) perfeita, tanta mãe que nunca se cansa de mudar de camada à velocidade da luz, tantas casas fantasticamente despovoadas de tralha e tantas crianças sem nódoas, é difícil não sentirmos que andamos a falhar em algum lado. Seja os quilos a mais (hum.. hum...), os brinquedos no chão da sala que lá estão há dois dias (hum.. hum) ou um jantar de coisas mal amanhadas que são as poucas que temos no frigorífico, tudo nos faz sentir que podíamos fazer melhor. Eu sou, assumidamente, essa mulher, a que sente que falha quando o jantar não é composto por três pratos. Estou a trabalhar nisto. Não porque três pratos está errado mas porque não é a escolha certa para mim. 
E depois de escrever este texto enorme percebi que o tinha feito somente porque precisava de atestar para o mundo que o que se partilha é uma parte, nunca a totalidade e que reviver o bom não é burrice mas sim uma opção. Uma que muitas vezes nos previne de ficar loucas e que nos ajuda a continuarmos a amar e a dar mais e melhor. 

E agora momentos perfeitos num dia imperfeito. ;-) 

 A lavanda e os mirtilos.


 A Sara, o Zacarias Pé Descalço, as margaridas e os dióspiros a crescer.
 A Sara, a pausa.