Escrever é um exercício e uma forma de terapia. Enquanto faço a triagem de palavras na minha cabeça vou-me apercebendo do que me move, magoa, altera, condiciona, impele e ajuda a crescer. Por vezes, enquanto escrevo no ar palavras que são só minhas, durante muito ou pouco tempo, descubro mais sobre mim.
Outras vezes, escrever é, simplesmente, a melhor forma de recordar.
O ano passado, no dia 31 de dezembro de 2015, escrevi
este texto e, hoje, foi maravilhoso voltar atrás e reconhecer-me nele. Sentir cada palavra como minha, cada esperança e desejo como promessa cumprida e cada gesto de amor que ambicionei completo em mim e nesta família que me acompanha.
A promessa de uma filha amada cumpriu-se e ela é mais, muito mais do que o meu coração estava à espera. Devia ser sempre assim o amor por um filho. Enorme. Gigante. Cheio de cheiros e calor, de mãos e pés pequenos que se enroscam em nós, de muito colo e beijinhos no pescoço, de risos fartos e palermices mil. Que sortuda que me sinto quando olho para os seus doces olhos castanhos. Obrigada pelo teu amor minha pequena.
Quanto à Miss Caracolinhos é uma fantástica irmã mais velha. Deixa que a irmã lhe puxe o cabelo sem se zangar muito com ela, apanha mil vezes o mesmo brinquedo que de propósito foi atirado ao chão, partilha o colo sem muito exigir em troca, faz de cavalinho e dá-lhe beijinhos sempre que pode. Não se pode querer melhor, não é?
O amor dele, o meu amor maior, continua a fazer-me bater o coração com força. Sem palavras para o quanto me sinto grata por este amor, pela família que me deu, por tudo o que queremos e vivermos juntos. És tanto.
Em 2015 tivemos o milagre da vida mas também a perda se fez sentir por aqui. Perdemos alguém que amávamos muito e isso fez-nos sofrer enquanto família e individualmente. Afinal, não existe dor partilhada, cada uma é única, reveste-se de roupas próprias e faz os danos que consegue. É a única coisa que não desejo que se repita em 2016, a dor, a perda, a tristeza.
Tudo o resto pode ser assim, na mesma maravilhosa dose de amor.
Obrigada a quem me lê por aqui.